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Tratamento da Depressão

A depressão é uma doença médica, não um sinal de fraqueza. Quando a tristeza, a falta de energia e a perda de interesse se arrastam no tempo e começam a bloquear o trabalho, a família e a saúde, é altura de pedir ajuda especializada. Na RAN — Clínica avaliamos, tratamos e acompanhamos a depressão com base na evidência científica e na realidade de cada pessoa.

A depressão é uma perturbação do humor frequente e uma das principais causas de incapacidade a nível mundial. Não se confunde com momentos de tristeza ou desânimo passageiro: na depressão, os sintomas são mais intensos, persistentes e incapacitantes, com impacto no sono, no apetite, na energia, na concentração e na capacidade de sentir prazer. A boa notícia: existe tratamento eficaz e a maior parte das pessoas melhora quando recebe ajuda adequada.

1) Depressão: o que é e porque é uma doença tratável

A depressão é uma doença mental caracterizada por alterações persistentes do humor, do pensamento e do comportamento. Costuma traduzir-se por tristeza marcada, perda de interesse em atividades habitualmente agradáveis e falta de energia, mas pode assumir formas e gravidades diferentes ao longo da vida. Em Portugal, estima-se que uma em cada quatro pessoas venha a ter um episódio depressivo ao longo da vida, e que uma proporção significativa dos utentes em cuidados de saúde primários esteja deprimida no momento da consulta.

Organizações nacionais e internacionais consideram a depressão uma das principais causas de anos de vida perdidos por incapacidade. Apesar disso, continua muitas vezes subdiagnosticada e subtratada, em parte pelo estigma e pela ideia errada de que “passa sozinha”. Hoje sabemos que a combinação de psicoterapia, intervenção médica e apoio social melhora de forma clara o prognóstico.

2) Sintomas de depressão e sinais de alerta: quando pedir ajuda

Sintomas de depressão podem instalar-se de forma gradual. Alguns sinais merecem avaliação especializada, sobretudo se durarem mais de duas semanas e interferirem com a vida diária:

  • Tristeza profunda, vazio ou irritabilidade quase todos os dias.
  • Perda de interesse ou prazer em atividades de que antes gostava (anhedonia).
  • Alterações do apetite (aumento ou perda importante de peso sem dieta).
  • Perturbações do sono: insónia, dificuldade em adormecer, acordar muito cedo ou, pelo contrário, dormir em excesso.
  • Cansaço marcado, sensação de “peso” no corpo, perda de energia com tarefas simples.
  • Dificuldade de concentração, lentificação do pensamento ou indecisão constante.
  • Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou autoavaliação muito negativa.
  • Pensar com frequência na morte, em não existir ou em pôr termo à vida.
  • Queixas físicas sem explicação clara (dores, mal-estar gastrointestinal, tensão muscular) associadas ao quadro emocional.
Peça ajuda rapidamente se existir risco de autoagressão ou se as ideias de morte forem frequentes. Em situação de emergência, deve contactar os serviços de urgência ou o 112. A depressão é tratável e a intervenção precoce reduz o sofrimento e o risco de complicações.

3) Como avaliamos a depressão na RAN — Clínica

Na RAN — Clínica, a depressão é avaliada no contexto da história de vida, da saúde física e de eventuais comportamentos aditivos. Muitas pessoas apresentam simultaneamente depressão e problemas de álcool, drogas ou outras adições, o que exige uma abordagem integrada e coordenada.

  • Entrevista clínica estruturada para compreender sintomas, início, evolução, eventos de vida e impacto no dia a dia.
  • Avaliação de risco de suicídio, autoagressão e negligência de cuidados básicos.
  • Rastreio de comorbilidades (ansiedade, perturbação bipolar, trauma, problemas de uso de substâncias, doenças físicas relevantes).
  • Revisão de tratamentos anteriores (psicoterapia, medicação, internamentos) e respetiva resposta.
  • Mapeamento da rede de suporte (família, trabalho, escola) e das condições de recuperação.
  • Definição de um plano individual de tratamento, ajustando frequência e intensidade de consultas e, quando necessário, articulando com outras modalidades terapêuticas.

As consultas para depressão são planeadas em quantidade, frequência e intensidade adequadas aos objetivos definidos em conjunto com a pessoa e, quando apropriado, com a família, com revisão periódica do plano.

4) Tratamento da depressão: psicoterapia, medicação e apoio

As principais diretrizes nacionais e internacionais referem que a depressão pode ser tratada através de psicoterapia, antidepressivos ou a combinação de ambos, consoante a gravidade, a história e as preferências da pessoa. Em quadros ligeiros, a psicoterapia estruturada pode ser suficiente; nos quadros moderados a graves é frequente recomendar-se a combinação de medicação e psicoterapia.

  • Psicoterapia especializada: utilização de abordagens baseadas em evidência (como terapias cognitivo-comportamentais ou focadas nas emoções), com objetivos definidos: reduzir sintomas, trabalhar pensamentos automáticos negativos, fortalecer competências de regulação emocional e retomar atividades significativas.

  • Acompanhamento médico/psiquiátrico: avaliação da necessidade de antidepressivos, ajuste de doses, monitorização de efeitos e segurança, de acordo com as normas de boas práticas. Quando adequado, articulamos com Assistência Psiquiátrica.

  • Terapias de grupo e contexto estruturado: integração, quando benéfico, em grupos terapêuticos e em programas estruturados que trabalham temas como autoestima, relações, gestão de emoções e prevenção de recaída.

  • Apoio à família: sessões de educação e orientação para familiares significativos, alinhando expectativas, reduzindo o estigma e promovendo uma rede de suporte que favoreça a recuperação e a continuidade dos cuidados.

O tratamento é planeado caso a caso, com atenção à evolução dos sintomas, aos objetivos pessoais (família, trabalho, estudo) e à eventual presença de uma adição ou outra perturbação mental.

5) Passo a passo do acompanhamento na depressão

  1. Primeiro contacto (confidencial) e triagem de risco, com orientação imediata se houver sinais de urgência.
  2. Avaliação clínica detalhada por equipa especializada em saúde mental e adições.
  3. Plano terapêutico individual, com definição de objetivos claros (redução de sintomas, retoma de rotinas, prevenção de recaída).
  4. Implementação do tratamento: psicoterapia regular, eventual introdução de antidepressivos e integração em grupos terapêuticos, quando indicado.
  5. Follow-ups periódicos para monitorizar resposta, ajustar estratégias e consolidar progressos.
  6. Aftercare e prevenção de recaída: acompanhamento de continuidade, reforço de hábitos de bem-estar, gestão de sinais precoces de agravamento.

6) O que pode fazer hoje se suspeita de depressão

  1. Falar connosco para uma orientação personalizada. Mesmo que ainda não tenha a certeza se é “depressão”, a avaliação clínica ajuda a clarificar e a definir próximos passos.
  2. Partilhar com alguém de confiança como se tem sentido. Quebrar o isolamento é um passo importante na recuperação.
  3. Retomar pequenas rotinas estruturantes: horário de sono, alimentação regular, algum movimento físico e momentos de contacto social, mesmo que curtos.
  4. Evitar decisões drásticas (mudanças de trabalho, ruturas importantes) enquanto se encontra num estado depressivo intenso e sem acompanhamento.
  5. Procurar informação em fontes fidedignas sobre depressão e tratamento, evitando conteúdos sensacionalistas ou sem base científica.

Conteúdo preparado pela RAN — Clínica. Última atualização: .

Como podemos ajudá-lo?

Perguntas Frequentes sobre Depressão

Como saber se o que sinto é depressão ou “apenas” tristeza?
O tratamento da depressão implica sempre tomar antidepressivos?
Posso tratar a depressão e um problema de álcool ou drogas ao mesmo tempo?
Quanto tempo demora a notar melhorias com o tratamento da depressão?