O luto é uma resposta humana natural à perda. Na maioria dos casos, a intensidade diminui e a pessoa adapta-se gradualmente. Quando a dor permanece intensa e incapacitante por tempo prolongado — interferindo com rotinas, relações e propósito — falamos de luto complicado (ou luto prolongado). Nesses casos, há tratamento eficaz e seguro.
1) Luto complicado/prolongado: o que é
O luto complicado (também referido como Prolonged Grief Disorder) descreve uma forma de sofrimento persistente em que a saudade e a dor não abrandam, mantendo a pessoa “presa” na perda e dificultando a adaptação. Em 2022, a APA reconheceu formalmente a perturbação de luto prolongado no DSM-5-TR, definindo critérios clínicos que distinguem o luto esperado do quadro que requer intervenção especializada.
2) Sinais e quando pedir ajuda
- Dor intensa, saudade persistente e ruminação constante sobre a perda.
- Dificuldade em aceitar a morte, evitar ou procurar em excesso lembranças e locais associados.
- Sentir que a vida não tem sentido, perda de propósito ou prazer.
- Repercussões no sono, alimentação, trabalho ou estudo; isolamento.
- Risco acrescido de depressão, ideação suicida e perturbação de ansiedade/trauma — exige avaliação.
3) Como avaliamos na RAN — Clínica
- Entrevista clínica e mapeamento da perda, rede de suporte e risco atual.
- Rastreio de comorbilidades (depressão, ansiedade, PTSD, uso de substâncias).
- Definição de objetivos personalizados e necessidades da família.
- Opção por ambulatórioou, quando indicado, articulação com outras modalidades e terapias.
A nossa abordagem combina rigor clínico com humanidade e continuidade de cuidados, do primeiro contacto ao pós-tratamento.
4) Como tratamos: psicoterapia especializada e apoio
O tratamento do luto complicado centra-se em psicoterapia estruturada (p. ex., terapias específicas para luto prolongado, componentes de terapia cognitivo-comportamental e técnicas focadas na aceitação e integração da perda), com envolvimento da família, educação e plano de continuidade. Em casos com comorbilidades significativas, articulamos com Assistência Psiquiátrica
- Trabalho terapêutico sobre significado da perda e reconstrução de rotinas.
- Estratégias para evitação/ruminação, culpa e crenças bloqueadoras.
- Rituais pessoais e memória saudável do ente querido.
Integração em grupos terapêuticos quando benéfico.
5) Passo a passo do acompanhamento
- Primeiro contacto (confidencial) e triagem de risco.
- Avaliação clínica e definição de objetivos.
- Plano terapêutico individual (sessões semanais; integração familiar quando indicado).
- Follow-ups para ajuste de técnicas e reforço de progressos.
- Aftercare: prevenção de recaída emocional e rotinas de bem-estar.
6) O que pode fazer hoje
- Falar connosco para uma orientação personalizada.
- Partilhar com alguém de confiança como se tem sentido; reduz o isolamento.
- Retomar pequenas rotinas (sono, alimentação, movimento) e evitar decisões drásticas.
Conteúdo preparado pela RAN — Clínica. Última atualização: .